Caraca gente.... que Show...
Fazia tempo já que não sentia aquela frio no estômago sabe?
A ansiedade pura que vai se aproximando quando você chega no lugar determinado... Muito bom...
Tudo começou com um puta de um trânsito. Afinal sexta feira as 17:00 véspera de um feriado prolongado... Não dava para querer pistas livres.
Estávamos no nosso Fuca Branco... Eu e o Beto...
Conversamos o caminho todo, para passar o tempo gasto entre a fumaça dos caminhões, a buzina dos motoboys e os apressados que querem passar a qualquer custo.
Quando chegamos perto do shopping Morumbi, um porca capitalista passou na frente do nosso idoso automóvel e tirou um barato sabe.. Falou para os amiguinhos playboys dela que tomassem cuidado para não estragar a lataria... Era óbvio que ela estava tirando uma com a Fuca... Mais engraçado... Eu estava de carro e ela? A pé... Viu como essa raça patrícia consumista não vale nada...
Mas tudo bem... Fomos passando por aquelas monstruosas mansões no Morumbi.
Percebendo que nosso humilde cafofo no Taboão era tão aconchegante mais tão pequenino.
Carros importados, casas luxuosas e um povo estranho. Um povo que defeca como eu, flatula como eu, mais teimam em se acharem melhores...
Ok.. ok... estávamos muito próximos... as primeiras notas de Tom Sawyer já vinham na cabeça...
Quando um ser deprimente encosta a cabeça no vidro do carro e grita:
- Ai chefe vai "estacioná"?
Ai meu Deus que revolta.
Como assim gente? Pagamos impostos altíssimos, e ainda vamos pagar para colocar nosso carro na rua????
Mais a rua não é publica????
R$ 50,00 chefe p/ parar na rua...
No estacionamento chefe é R$ 180,00... Por esse preço vendemos o carro... Já que a lataria não ajuda e a ferrugem tenta ser a cor predominante do veículo.
A revolta me consumia, eu não podia aceitar que a polícia estava em um número alto nas ruas e nada fazia.
Nada para conter essa crueldade... esse oportunismo...
Depois de pronunciar inúmeros palavrões (e saibam que foi comprovado cientificamente que isso realmente acalma) pude caminhar até a lanchonete para tomar uma cerveja.
A grana era curta, sabia que não poderia tomar a vontade, mais tudo bem, não importava pq eu iria ver o RUSH, não é mesmo?
Mais ao chegar na porta do lugar vejo o cartaz...Banheiro R$ 1,00, pronto lá vinha o próximo surto...
Gente.... você consome no bar do cara, gasta R$ 4,00 p/ comer um misto fulero e ainda paga p/ dar um urinada... Ah gente eu não podia suportar....
Achei melhor entrar logo no estádio... Assim, provavelmente passaria menos nervoso.
Estávamos já com os ingressos na mão, passando pela primeira grade quando avistei um ser um tanto quanto admirável...
Um homem de meia idade com uma bicicleta cheia (mais cheia mesmo) de mini lâmpadas e aqueles brinquedos que brilham sem param com um som tocando um rock and roll...
Aquela cena foi encantadora... Todos paravam para olhar ...
Passamos por várias pessoas que conferiam nossos ticket´s, uma revista fajuta que se eu estivesse portando qualquer tipo de droga, poderia ser um quilo, certamente ninguém perceberia.
Pronto. Estávamos dentro e não sairíamos por nada.
Por pura curiosidade fomos dar uma olhadinha nos produtos da banda que eram ofertados por dois rapazes. Me encantei pela bolsa. Até era parecida com a minha sabe, mudava a cor o detalhe do nome mais o modelo era o mesmo. Curiosa como sempre:
-Moço quanto custa a bolsa?
-É só R$ 250,00.
Aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii na hora veio a sensação, tenho cara de besta?
Disse ao rapaz que se ele me desse um canetão escreveria na minha bolsa e ficaria bem parecido... Acho que ele não gostou, assim como eu não achei nada legal o preço que ele me propôs.
Eu já sabia que tudo lá dentro era mais caro, mais continuava ser revoltante a capacidade que as pessoas possuem de explorar umas as outras.
Eu não posso entender...
Disse ao meu marido que meu cigarro estava na metade e talvez não desse para aquela noite...
Lugar aberto, lei anti fumo não poderia me pegar.
Passa um ambulante com um maço de Marlboro Vermelho. Na hora me encheu os olhos já que esse era o meu cigarro favorito, mas por motivos de força maior $$$$$$$$$$$$$$$$$$$ tive que trocar.
O Beto aborda o ambulante e pergunta:
- Quanto é o cigarro?
Já com a carteira na mão para me deixar tranquila, sem ter que ficar contado cigarros e dividindo pelas horas (odeio isso).
- É R$ 10,00.
Piada? só podia ser. Mais não era e o Beto não podia se conter e responde ao homem:
- É cigarro ou charuto cubano essa porra?
hahahhaha foi hilário... O homem não gostou, deu uma resposta torta que nem ouvimos pois estávamos rindo da resposta dele.
E assim o relógio foi andando e na hora marcada (21:30) as luzes se apagaram e chegava a tão esperada hora.
As pernas tremiam, o coração acelerava e a garganta secava pelos gritos ensurdecedores.
Foi maravilhoso.
Foi inesquecível.
Uma viagem fantástica ao mundo sem volta do puro e velho Rock and Roll.